Lembram-se desta porta? Pois chegou a altura de falar dela. Tudo tem haver
com o meu lado empreendedor e precavido, que me levou a pensar em soluções para
o duplo desemprego aqui de casa. Com alguns meses de antecedência várias
hipóteses foram colocadas e duas ideias de negócio pareceram ser as mais
viáveis e foram a nossa aposta.
Primeiro surgiu a ideia dos produtos tradicionais, formou-se a empresa,
começou-se a produzir em pequena escala e a fazer feiras, mas o projeto não avança
a 100% porque falta tratar de umas burocracias próprias do ramo alimentar.
Paralelamente a isto começamos a colocar coisas a venda na internet, o que
inicialmente era uma forma de escoar o que se acumulava em casa, posteriormente
foi pensado para ser uma ocupação e uma fonte de rendimento. Sempre fomos
pessoas de frequentar Feiras de Velharias, sempre gostámos de comprar coisas
antigas para a casa, daí que quase por instinto percebemos que o nosso futuro mais
próximo teria que passar por aí.
Depois de dez anos no ensino é uma sensação estranha começar a fazer algo totalmente
diferente, passar a frequentar feiras não como comprador mas como vendedor, é
mais ou menos como a queda de um ídolo. Nos primeiros tempos causa uma certa
vergonha, mas depois aprende-se e apreende-se, afinal há que fazer qualquer
coisa que ocupe e dê rendimento, é isso ou estar parado à espera que nada
aconteça... e como uma colega minha bem disse: “Estimo saber que há vida para
além da docência”.
Já se passaram seis meses desde que começamos a fazer as primeiras feiras,
todos fins de semana bem cedo, enquanto uns dormem depois das noitadas, lá vamos nós
para alguma feira significativa, algumas são destinos certos, outras vão
surgindo pontualmente, afinal de contas estamos numa fase em que surgem feiras
e mercados a todo o momento.
Em seis meses já deu para perceber a psicologia dos mercados de rua, do
crescente de gente que aparece para vender qualquer coisa, de quando os
políticos comunicam algo ao país no dia seguinte as vendas cairem consideravelmente,
da baixa e do aumento dos preços conforme as necessidades das pessoas em fazer
dinheiro para o momento... é este o retrato do país em tempos de crise.
Também já deu para fazer um balanço financeiro e pessoal, que se revelou
positivo. Se num mês fizermos uma média de seis feiras boas, conseguimos ganhar
suficiente para pagar as despesas, só que isso não basta, precisamos de ter
dinheiro para os gastos diários e para as despesas extra que podem surgir,
temos que ganhar o equivalente a dois ordenados para nos aproximarmos da vida
que tínhamos quando estávamos empregados. Assim uma questão colocava-se: trabalhamos
aos fins de semana, mas precisamos de fazer algo durante a semana, mas o quê!?
Foi neste contexto que surgiu a ideia de abrir A LOJA.
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