quinta-feira, 26 de maio de 2011

Império

Nos últimos dias criei uma mania por Martha Stewart e o seu mundo. Alguém vai dizer que a moda por esta senhora já passou há uns anos quando muito se falava dela e os seus programas passavam na televisão. Mas nessa altura eu não tinha tv cabo nem a minha cabeça andava tão virada para o campo, a agricultura e a culinária. Depois de Nigella Lawson, Mafalda Pinto Leite, Sophie Dahl, Lorraine Pascale (a next best thing de Inglaterra), tenho-me interessado pela vida e obra de Martha e a construção do seu império, que vai muito além da culinária. Martha Stewart retrata um estilo de vida que pode parecer agora um bocadinho antiquado mas que gosto muito. A vida no campo, o cultivo de produtos agrícolas, as plantas, os arranjos florais, os animais, a decoração, o artesanato e claro a culinária.
Depois de ter tirado um curso de História da Arquitectura, de ter sido modelo e de ter vendido móveis, aos 35 anos decidiu começar um negócio de catering na cave da sua casa de campo em Connecticut, a belíssima Turkey Hill. Também foi gerente de uma loja de comida gourmet e pouco depois abriu a sua própria loja. O marido era editor e graças a uma festa que Martha organizou, revelando o seu talento na cozinha, surgiu a hipótese de publicar o primeiro livro de culinária. Ao que se seguiram muitos mais na década de 80. Durante esse tempo, escreveu colunas em jornais, artigos de revistas e fez presenças em programas de televisão. Nos anos 90, surgiu a revista Martha Stewart Living da qual se tornou editora chef (em 2002 tinha uma tiragem de 2 milhões de cópias). Começou por ter um programa televisivo de meia hora semanal baseado na revista que rapidamente passou a uma hora diária. No final dos anos 90, formou a companhia Martha Stewart Living Omnimedia, que administra a sua carreira televisiva bem como todas as publicações. Nos anos seguintes viu-se envolvida num escândalo de corrupção, mas a máquina que gere a sua imagem avançou com novos projectos, livros, programas e contratos com empresas que desenvolveram produtos associados a Martha.
Recentemente pôs à venda a casa Turkey Hill cenário dos seus 34 livros. Mas mantém residências em Bedford, New York a Cantitoe Corners; a casa de verão no Maine, conhecida por Skylands e no East Hampton a Lily Pond Lane Home.
Aos 70 anos, esta dona de casa do Connecticut que se tornou numa das empresárias mais bem sucedidas do mundo é um exemplo de com algo simples, como cozinhar, tratar de plantas e hortas se pode ir muito longe.
Em Portugal também temos exemplos de Impérios que foram construídos a partir de coisas simples como a produção de vinho e café. Mas creio que hoje em dia, tirando o mundo da música, da televisão e da política, é praticamente impossível construir um império, digo, ter mais que uma casa, uma empresa, gerir uma rede de negócios, ter sucesso e lucro a partir de uma coisa tão simples, como ser bom cozinheiro, ter editado um livro, ter uma empresa de catering, inventar um cupcake, cultivar um legume raro, abrir um restaurante… Simplesmente porque há gente amais em tudo. Outros tempos digo eu. Mas não custa nada tentar.

The Apprentice: Martha Stewart(2005)

terça-feira, 17 de maio de 2011

Metamorphosis


      Conheci Yolanda Soares em 2007 com o seu álbum Music Box que misturava fado e música clássica. Eu que nunca dei muita importância ao fado fiquei bem impressionado, afinal de contas eu gosto de junções musicais, inspirações em outros estilos e épocas, covers e sons do mundo. Quando se chega ao ponto de achar que está tudo inventado na música, a reinvenção e as remisturas são a solução e penso que esta década será recordada não por algo de novo mas por se ressuscitar e reinventar o passado. Mas Yolanda era muito mais que apenas música portuguesa reinventada, era também imagem, teatralidade, era todo um ambiente estudado ao pormenor, das roupas aos detalhes visuais, num verdadeiro exercício musical e de estilo pouco ou nada visto no nosso país.
Três anos depois ei-la com um novo álbum, previamente anunciado como um registo diferente do anterior, uma surpresa prometida. Uma metamorfose confirmada quando ouvidas algumas faixas que logo fizeram perceber que estava a percepcionar algo muito bom. Yolanda assumia um lado crossover e explorava os seus registos vocais que vão do ligeiro ao lírico, em fusão com influências musicais do canto gregoriano, do pop, rock e sons tridimensionais do electrónico.
      Não tive oportunidade de ir aos concertos nos Coliseus, com algum lamento e revolta, pois aborrece-me que a maior parte dos acontecimentos culturais se centrem na capital. Mas saber que Yolanda ia fazer uma tournée deixou-me esperançoso. Era desta que iria viver uma experiencia musical para os sentidos e Alcobaça era a cidade alvo. Curiosamente na noite anterior a RTP 2 transmitiu os concertos dos Coliseus, o que foi um bom prelúdio.
      O cine teatro era pequeno e não estava cheio. Era o primeiro dos 7 concertos. Talvez as pessoas não conheçam, afinal não é música para as massas, como gosto de dizer, é música para gostos apurados e refinados.
     Quando Yolanda entrou na sala, juro que senti um perfume no ar e a dúvida colocou-se, seria mesmo da sua presença iluminada tal anjo branco de voz cristalina? A verdade é que o doce odor de vez em vez se fazia sentir, embalando as músicas que deram início ao concerto. Do primeiro álbum foram cantados alguns fados conhecidos com novas roupagens que acalmaram os ouvintes, não acusando nada do que se seguiria. Foi então que Yolanda falou para a sala e explicou o sentido do seu espectáculo e da Metamorfose musical que a partir dai iria começar.
      Um instrumental electrónico dançavel invadiu a sala enquanto a artista se retirou para mudar de roupa. A partir daí o novo álbum fez-se ouvir com arranjos adaptados, pois os meios usados neste espectáculo não eram certamente os mesmos dos Coliseus. Entre canções ligeiras e baladas, a cantora exibia os seus dotes vocais, uma voz poderosa e lírica. Ora delicada a acompanhar a guitarra portuguesa, ora em surpreendente conjugação com a guitarra eléctrica, ora clássica ao som do piano, ora disputando volume com a bateria por vezes demasiado potente. Acredito que muitos se sentiram levados para uma ópera rock, um musical da Broadway, um concerto de Nightwish. Mas não, em português isto soava a algo realmente nunca feito por cá.
      A energia de Yolanda era em crescente, libertou-se a cada música, circulando pela sala exteriorizando emoções e nunca esquecendo de comunicar com o público. De destacar a inteligência e a gentileza de convidar um grupo coral de crianças de Alcobaça para cantar consigo um tema. Destaque também para o guarda-roupa, tão bem vestida pelos Storytailers no seu fato de guerreira que se transforma em casta princesa, mas desta vez no sentido inverso.
      Senti falta de um ecran que passasse vídeos e apontamentos audiovisuais, acho que essa componente combina com o estilo de espectáculo e só enriquecia a imagem criada em torno de Yolanda. Já lhe expressei em mensagem de facebook a necessidade de ter um vídeo, à qual me respondeu gentilmente justificando os motivos. Estou certo, caso fosse director artístico ou tivesse os meios o faria com muito agrado.
      O espectáculo termina em apoteose, num verdadeiro hino á versatilidade vocal, á fusão de estilos, á multilingue, á irreverência e á qualidade. E no ar a certeza que Yolanda tem tudo para nos continuar a surpreender.

sábado, 14 de maio de 2011

Eurovision

Eu gosto do festival da canção, uma mania que não é recente e que não consigo ficar alheio. Ano após ano dou-me ao trabalho de ouvir as cada vez mais canções participantes (este ano já são 43), para depois fazer a minha selecção.
Portugal este ano ficou muito mal representado, não sei o que se passou na cabeça destes portugueses para votarem numa coisa daquelas para representar o país. Lá porque estamos em crise, revoltados com os políticos e lixados com a economia, tenham paciência mas não temos que expressar isso em tom de sarcasmo no maior evento musical da Europa. Bom, fantochadas daquelas já outros países também levaram, mas desta vez acho que fomos mesmo os únicos. Pior que a palhaçada, foi mesmo o facto de nem sequer ser uma canção! Podem-me censurar à vontade, mas digo e afirmo, uma coisa que é cantada em coro do princípio ao fim, sem um único solo, não é uma canção, é uma manifestação. E vamos nós levar ao festival uma coisa que nem sequer revela os dotes vocais de um cantor, visto ali não existir nenhum… Ora assim também eu.
Adiante que de coisas que nos representam mal não vale a pena perder muito paleio. Deixo aqui os vídeos das minhas favoritas.

 Hungria

Azerbaijão

Eslováquia(Latvia)

Russia
 

Switzerland

 Bulgária

terça-feira, 10 de maio de 2011

Oquestrada


Fez em Abril um ano que fui ver os Oquestrada numa festa popular em Aveiras. Conhecia o álbum á pouco tempo e estava curioso para os ver actuar ao vivo. Uma ida a Lisboa com paragem obrigatória em Aveiras no regresso serviu de pretexto.
Um ano depois, eis a vinda dos Oquestrada à minha cidade, por isso era mais que certo ir vê-los de novo. Aqui o ambiente era outro, em vez de uma praça ao ar livre cheia de populares alegremente alcoolizados na festa do vinho, o cenário era uma sala de Teatro e certamente menos público, porque as gentes desta cidade aderem pouco ao que desconhecem e lhes soa diferente. Contudo, a sala estava quase cheia com gente de todas as idades.
Os Oquestrada, tal como se entende são uma orquestra que se faz à estrada e corre o País e a Europa de lés a lés a espalhar a sua música. É um grupo constituído por músicos que fazem música de verdade e que têm prazer visível naquilo que fazem. O seu estilo não é definível num só, pois a surpresa é uma constante, se por um lado soa a música popular, por outro pode ser um fado dançável… eles definem-no como Tasca Beat. Os Oquestrada pegam em elementos do fado e da canção popular e brincam, misturando música de leste, cigana, africana, muito bem condimentada com canções que fundem o nacional castiço com o francês dos emigrantes portugueses, passando pelo crioulo que se ouve nos subúrbios de Lisboa. Uma miscelânea de sons, uma multiculturalidade que contagia logo aos primeiros acordes. Os instrumentos variam da guitarra portuguesa que se transforma num violino Russo, passando por uma bateria improvisada em forma de cadeira, uma contra-bacia que soa a Jazz e um acordeão que nos faz lembrar Paris.
As palmas propagam-se pela sala e a vontade de saltar da cadeira é muita e há mesmo quem se atreva a dançar sem pudores. O ambiente é de folia e é impossível alguém não ficar bem-disposto com tal arraial. É dificil definir este concerto e as sensações que nos desperta numa só palavra, basicamente é como se chegássemos a uma tasca de Lisboa ou fossemos conduzidos a um bailarico de verão.
O à vontade em palco é notório e o discurso de Miranda entre cada música em tom de dedicatória, toma proporções de intervenção politica com algum humor e ironia à mistura. Quem viu dois concertos percebe que há um alinhamento, um enredo estudado, ora Miranda arregaça a saia do vestido que usa em todas as actuações, ora protagoniza momentos hilariantes durante as actuações, como fazer-se de sonâmbula e trepar pelas colunas, revelando-se uma verdadeira one woman show. Todo o ambiente recria um cenário de boémia suburbana e irreverência, mas nada é forçado, eles são mesmo assim, genuínos. É esta verdade, alegria, energia em palco e fusão de universos diferentes que faz gostarmos deles instantaneamente. De uma coisa podemos ter a certeza, os Oquestrada são criativos, têm a capacidade de reinventar o popular e fazem-no com mestria.



segunda-feira, 2 de maio de 2011

Livros

Da Fnac de Coimbra vieram dois livros sobre jardinagem. Na compra de um ofereciam outro. Curiosamente o oferecido era mais caro do que qualquer um que se comprasse. Há promoções interessantes, não!
Para mim os livros têm que ser tipo enciclopédia, ou seja, com imagens apelativas e pouco texto. Por isso gosto tanto de livros de culinária. Mas tem que ser daqueles com fotos a cores de gulodices que só apetecem fazer e comer. Mas adiante… Algum tempo que queria ter um livro que retratasse por imagens aquilo que basicamente tenho feito este últimos meses. Uma espécie de almanaque da horta e do jardim, que ajudasse em teoria e ideias àquilo que se tem andado a fazer no terreno. Hortas e Jardins – Ideias simples para bons resultados e Plantas e Flores de Jardim - Guia de A-Z. Com estas duas bíblias não posso estar melhor equipado. E já serviu para tirar umas ideias e impulsionar mãos á obra num Domingo de jardinagem.

domingo, 1 de maio de 2011

Coimbra

Sábado começou com uma pergunta. Onde vamos hoje? A escolha foi Coimbra. Uma óptima alternativa à Capital. Quiçá até uma opção melhor, visto não se pagar pela deslocação e ter praticamente os mesmos pontos de interesse para um passeio de lazer. Arrisco a dizer que nos últimos anos Coimbra cresceu de tal modo que se transformou numa segunda Lisboa. Tem aquilo que mais gosto quando me apetece sair da terrinha, ou seja, shoppings, lojas diversas, comidinha diferente, gente por todo lado e boas vistas. Apenas não tem aquela noite louca de Bairro Alto, mas eu também já não ando a sair com esse objectivo.
Um dos propósitos do passeio era comprar alguma roupa, pois voltei de mãos abanar. Ultimamente tem sido assim. Nunca fui de gastar muito dinheiro em roupa, mas sempre acabava por trazer algo para encher o armário. Agora cada vez compro menos e às vezes acabo por andar com roupas que já têm 15 anos, a sério! Pronto já deixei mais uns quantos chocados, mas como um amigo meu diz, não é velho, é vintage! Não sou fashion, não me aperalto, não visto as últimas tendências e estou-me a borrifar para isso. Às vezes penso que gostava de ter um estilo, uma imagem de marca, ou como alguns conseguem, mudar de visual consoante os ambientes ou as fases da vida. Na minha mente, neste momento andaria de branco, beje e chaqui, calça arregaçada, mocassins e chapéu de palha. 
Curiosamente um dos looks deste Verão para eles e para elas. O regresso da tendência natural, do passeio pelo campo, ligeiramente folk/hippie, do ambiente á beira-rio, dos tons claros a lembrar o navy, o propositadamente despreocupado, o chamado homeless chic. Acho que é aqui que este vídeo se encaixa na perfeição.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Novidade

Muitas coisas se passaram nesta semana. Domingo, foi de Páscoa. Dei almoço para a família aqui em casa. Segunda-feira de feriado e um dia cheio de sol, foi a vez de dar um jantar para amigos, como há muito não fazia. Acho que começo a tomar o gosto de abrir as portas de casa, receber pessoas e preparar refeições comunitárias. Com tudo finalmente mais composto, sente-se outro ânimo em mostrar o ambiente que se vive neste casa e em seu redor.
Terça-feira foi o regresso ao trabalho... Eu não disse, mas estive de férias. Enquanto uns vão para o Algarve, eu admito que nada fiz durante praticamente duas semanas. Na primeira o sol tórrido reinou, na seguinte foi a chuva, conclusão, o melhor de tudo foi mesmo deitar a horas impróprias e levantar sempre depois do meio-dia, tomar conta da cozinha como habitual e fazer algumas tarefas na rua quando o tempo permitia. Mas este regresso à rotina, com um ambiente de Verão, teve o gosto de um prolongar de férias. Chegada a sexta-feira, a chuva voltou a dar ares de sua graça.
A banda sonora desta semana não podia deixar de ser uma novidade. Posso parecer muito tradicional, mas também gosto de novidades, das últimas tendências, do próximo grito, do que está para vir. Nos últimos tempos, Lady Gaga tem sido sempre a novidade. Mesmo quando está a ser apenas uma continuação de Madonna, consegue por algo de novo no que faz, no que veste e em si mesma.

domingo, 24 de abril de 2011

Olhos

Aqueles olhos. Antes de qualquer outra coisa, foram aqueles grandes olhos de um castanho profundo que me paralisaram. Não há nenhuma outra cor que me transmita sensações, era incapaz de me interessar por alguém que não tivesse olhos castanhos. Lembrei-me agora, tive uma má experiencia com uns olhos indefinidos entre o verde e o azul, daí o meu repudio e descrença total. Mas este olhar em concreto que tanto me diz, muito mais que o corpo ou outros detalhes atractivos, tem algo de doce e de obscuro. Terrível não! Mas atraí como um íman e ao mesmo tempo provoca-me receio, receio de tudo, também de mim mesmo. Este quer e não quer, este pode mas não faz que tanto me caracteriza, mais uma vez se reflecte nesta situação. Já me dei conta que estou perante aquelas oportunidades únicas na vida… e como sempre não a vou aproveitar. Está visto, não aprendi nada até agora! A prova é que estou consciente que isto não vai durar para sempre e vou perder a oportunidade mais tarde ou mais cedo. Mas eu tenho os meus motivos. Há sempre alguma coisa que me faz adiar as coisas, recusar boas oportunidades e pessoas que aparecem. Mas os meus actos dizem uma coisa, reflectem desinteresse e frieza, contudo não é o que realmente sinto. Esses olhos castanhos onde vejo algum abandono e carência de afectos, fazem-me querer quebrar as regras. Mas eu estou numa situação confortável e não me tem apetecido sair dela, da minha zona de conforto. Sair daqui é arriscar, é enfrentar o desconhecido, passar por situações como as que vivi no passado e não quero sentir mais. Aqui estou protegido. Tenho tudo o que quero e preciso. Bom, quase tudo!
Desde que vi o trailer do filme Red Riding Hood, com os primeiros acordes deste The Wolf de Fever Ray que o meu espírito augurou algo de bom. A música não desiludiu, misteriosa, sinistra q.b., consegue nos transportar para uma outra dimensão, o filme idem aspas. Tem aquela atmosfera que eu gosto, entre a sedução e o calafrio, o conto de fantasia com toques obscuros. Todo um ambiente de dúvida, incerteza e receio, que tanto me faz lembrar aquele olhar.

 Cenas do filme "Red Riding Hood"


segunda-feira, 18 de abril de 2011

Chuva

Está mais do que comprovado, os meteorologistas não se enganam. Aguardava-se chuva para esta semana, mas até á pouco o dia esteve impecavelmente solarengo. Depois das 17h as nuvens começaram a reunir-se, depois a escurecer, aos poucos trovejou e às 18h30 a chuva chegou. Eu gosto de chuva. Principalmente quando vem assim para aliviar a carga de calor que existe na atmosfera e deixar no ar um cheiro a terra molhada. Tem algo de bênção da natureza. A terra e as plantas já estavam a precisar e nós também já precisávamos de um intervalo nas regas. Se vier uma boa chuvada ou se manter por um dia ou dois é suficiente para saciar os terrenos e as plantações continuarem no seu processo de crescimento. Também eu cresci ao som de uma balada que fala de chuva e de amor.



domingo, 17 de abril de 2011

Shelter

5 da manhã e ainda estou no computador. Lá fora os galos já cantam, aqui dentro uma música é ouvida pela milésima vez. Descobria-a esta noite no filme “I am number four”, fiquei automaticamente seduzido com este sussurrar doce e palavras cheias de significado. Depressa descobri que era XX – Shelter. Lembrei-me logo daquela pessoa que á uns tempos me disse gostar deste grupo. Impulsivamente enviei lhe mensagem... Apesar de já não te lembrares de mim, dedico-te a.



sexta-feira, 15 de abril de 2011

Morangos

Quando chega a Primavera também chegam os morangos. É lindo de ver os primeiros nas bancas do supermercado, vermelhos garridos depois de um Inverno cinzentão. Mas não deixo de pensar que se ali estão a estrear e a preço ofensivo é porque provem de estufas e sabe-se lá como atingiram tal magnitude tão pouco natural. Mas depressa esqueço, a cor e o cheiro apelam e a imaginação culinária quer criar. Conforme surgem em maior quantidade o preço baixa e consegue-se encher o frigorifico com facilidade. Já me fartei de come-los ao natural, com açúcar e em doces vários(ahh esclareço desde já que os da foto foram preparados por mim, no entanto isto não pretende ser um blog de culinária OK… mas irei falar muitas vezes de comida, essa coisa maravilhosa).


Finalmente os morangos que tinha plantado deram flor e agora fruto. Não são grandes como os do supermercado, são miúdos, escarlates, sabem a morangos de verdade e são 100% biológicos.




domingo, 10 de abril de 2011

Calor

Não devíamos estar na Primavera? Que calor veraneano é este em pleno Abril? Parece que passámos do frio gélido para o calor extremo, sem passar pelo meio termo.
Os casacos já não são tolerados logo pela manhã e em vez das roupas de meia estação, passou-se imediatamente às mangas curtas, calções e chinelos. É arrumar as roupas de Inverno e pendurar as de Verão, o roupeiro deixa as cores monótonas e enchesse de cor.
Com o tempo assim começasse logo a pensar em praia e em férias. E há quem passe dos pensamentos aos actos. Por mim, fico-me pelas palavras porque os fins de semana têm sido ocupados com tarefas caseiras. Pinturas, limpezas, plantações e jardinagens.
Abril chegou e como previa, a Tília numa semana passou do nada para o germinar das folhas. Mais uma semana e ficará totalmente preenchida e cheia de sombra. As obras no alpendre finalmente terminaram. O baloiço já está posto e o primeiro almoço familiar desta estação aconteceu no sábado.


quinta-feira, 7 de abril de 2011

90's

No embalo do que escrevi no post anterior e ter recordado os anos 90, senti-me impelido a vasculhar a pasta das músicas dessa época. Por vezes faz bem ir aos baús e recordar o passado, porque há músicas que não passam de moda e há pensamentos e sensações que revivemos com elas. Com a entrada numa nova década, os 90’s ficaram a uma distância de 20 anos o que provavelmente vai levar a um revivalismo de toda a sua ambiência. Tal como havia acontecido com os anos 80 que até agora têm servido de inspiração para músicas e modas. 
A minha adolescência foi vivida nos anos 90 mas não os recordo como tempos kitsh, pois foram muito mais contidos que os anos 80. A cultura jovem foi muito diversificada e ramificou-se em tribos num universo social muito diverso. A expressão estava nas roupas, nas tatuagens, piercing, consumo de drogas, nos diversos estilos musicais e no sexo na adolescência. Todos procuravam uma identidade própria ou um grupo social com que se identificassem, procurando assim uma imagem pessoal e única. Eram os primórdios da individualização da imagem.
Recordo a moda muito mais sóbria e monocromática, com o preto e o branco a reinar tanto na roupa como nas publicidades e clips de música. Procurava-se algo intemporal, algo para a posteridade, que não passasse de moda e que só estas cores conseguem transmitir. Ainda não tinham surgido as lojas de roupa de massas e a Levis imperava como grande marca de calças. Inspirados pelo estilo hippie, rasgavam-se gangas ou manchavam-se com lixívia. Também se ressuscitaram as boca-de-sino que perduraram muitos anos e que eu usei e abusei. Numa vertente mais rock/grunge (estilo musical em voga) usavam-se calças elásticas e camisas de flanela aos quadrados. Calçavam-se botas Dr. Martens, sapatilhas All Stars rotas e usadas até mais não, que contrapunham às Adidas brancas Stan Smith. Os sacos a tiracolo usavam-se em vez das tradicionais mochilas e os discman ultrapassaram os walkman. Tudo isto e muito mais se pode encontrar neste site que mostra o retorno dos 90's na moda urbana actual http://fashiongrunge.com/
Nos cabelos, durante os primeiros anos, predominou o corte à tigela para os rapazes e poupas enormes empestadas de gel para ambos. Por outro lado cabelos lisos e longos com grande influência de Kurt Cobain.
O rock, o grunge, o pop, o disco, todos os estilos musicais eram ouvidos. Deixo aqui algumas músicas que retratam esse tempo e que ainda hoje não consigo deixar de ouvir.


 

 



 

 

quinta-feira, 31 de março de 2011

Perfume

Sinceramente, perfume é coisa que não uso todos dias, ou porque me esqueço ou porque não me apetece andar com algo que não faz parte de mim... Agora acabei de chocar meio mundo e outro mundo e meio de fashionistas que consideram uma blasfémia aquilo que acabei de escrever. Mas para mim é como se estivesse a vestir algo amais, logo nem sempre me apetece mais um acessório, que é coisa que eu não uso de todo.

O meu primeiro perfume foi o clássico, ou será mítico, CK One. Se houve fragrância que marcou os anos 90, foi certamente o CK. Para mim e para a maior parte das pessoas da minha geração, este era o perfume de eleição e tinha a particularidade de dar para ele e para ela. E quem não se lembra daquelas campanhas publicitárias a preto e branco, onde jovens em denim ou seminus expressavam a sua sensualidade da maneira mais simples possível, com a então exteriorizada atitude individual. Vinte anos depois essas imagens são inesquecíveis e intemporais, pois em parte foi devido a elas que hoje somos como somos, únicos, cada um á sua maneira. CK nunca saiu de circulação e prevê-se um novo hit, já que os anos 90 estão a voltar como referência de moda e de modas, nas roupas, na música, nas atitudes. 

CK One (Campanha 1995) 

CK One (Campanha 2004)

CK One (Campanha 2009) 

CK One (Campanha 2011)

CK One(Campanha 2011)Underwear

CK One(Campanha 2011)com Sky Ferreira

 

Actualmente tenho três perfumes em uso, que vão durar eternidades já que não abuso e vario conforme a disposição. Curiosamente são os três muito activos, adocicados e florais. Fleur du Male de Jean Paul Gaultier, The One de Dolce & Gabbana e Power de Kenzo. 

 

quarta-feira, 30 de março de 2011

Incertezas

A incerteza dominou o fim-de-semana. Para começar, o tempo. O eterno culpado dos bons e dos maus estados de espírito. A anunciada chuva para os três dias pouco se viu. O chão molhado pela manhã e uma chuvada na tarde de sábado foram o quanto bastou para dizer que os meteorologistas não se enganaram. De resto, mil caretas e raios de sol envergonhados.
Passei parte da tarde e noite de sábado a arrumar o móvel do escritório. Sem música, pois o espírito também não se definia para que lado estava. Arquivos, papéis e materiais reunidos anos a fio, alguns nem mexidos há um ano, ou seja desde o dia que os arrumei aquando da mudança de casa. Continuo a achar que tenho coisas a mais, papéis principalmente, mas também cds, filmes e bugigangas. A verdade é que não sou muito de deitar coisas fora, na incerteza de um dia as vir a utilizar.
Os gatos também estavam incertos. Mio voltou a ficar estranho e a não querer comer. O medo de outra intoxicação levou-o á veterinária. Mais cuidados, atenções e medicamentos. Depois foi Nic que andou um dia xoxo, como o tempo, o que levantou logo duvidas.
Quanto à mudança da hora, talvez influencie o relógio biológico dos seres vivos. É um mito não comprovado mas que pode ter um fundo de verdade. Por isso, domingo foi um dia arrastado no tempo. Não sei se dormi o habitual, a mais ou a menos. Quando me parecia tarde, o relógio dizia que era cedo, quando me parecia ainda cedo, o relógio dizia que já era tarde. Horas trocadas, mas sem duvida o dia estava maior.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Spring

A Primavera chegou esta semana, mas o bom tempo e o sol já se faziam sentir há dias. Contudo a Natureza parece que precisa de datas marcadas para se fazer notar. As árvores de fruto e as flores esperavam pacientemente o início do equinócio para desabrochar.
Esta muito aguardada Primavera também chegou à minha plantação. Os primeiros a dar ar de sua graça foram os morangueiros, e umas quantas variedades de pequenas plantas transplantadas para o terreno, que crescem, embora lentamente, mas já é algum avanço para quem se aventurou pela primeira vez na agricultura (agora na moda biológica).
Mas a minha maior expectativa e investimento, estava nas árvores de fruto, plantadas em Novembro e há vários meses adormecidas. Aguardei impacientemente que rebentassem, na ânsia de que floresçam rapidamente e dêem frutos ainda este ano, sem considerar os seus ciclos naturais e exigindo demais da sua imberbe existência.
As folhas da nectarina e da ameixeira foram as primeiras a desenvolver. Seguiram-se a cerejeira e a macieira, receosas de aparecer. Algures uma nogueira também desponta e um castanheiro duvidoso do seu habitat. A figueira que numa semana já devia ter folhas, está atrasada e mais umas poucas que se apresentam lentas e tristonhas. A laranjeira que aqui existia, pela segunda vez produziu em abundância e apresenta agora botões de sua perfumada flor. Um marmeleiro repleto em rosa pálido mostra-se com força para se desforrar em frutos no Outono e a Tília, espera que chegue Abril para em poucas semanas se vestir a rigor.



quarta-feira, 23 de março de 2011

Home

Há tanto tempo reconhecida, mas parece que agora surgiu um novo boom sobre Gwyneth Paltrow. Ou porque foi a mais bem vestida dos Oscares, ou porque cantou nos Grammys, ou porque participou no Glee. Mas Gwyneth já cantou antes, no filme Duets e agora em Country Strong. Não tem uma voz por aí além, mas este Coming Home é daquelas que me preenche a alma e o coração.

Cena do Filme Country Strong
Gwyneth Paltrow canta Coming Home

Home é talvez das minhas palavras favoritas, seja em que língua for. Consigo gostar de quase todas as musicas que giram em torno desta palavra. Apenas quatro letras mas com imensos sentidos para mim. É o sítio onde passo mais tempo, é o meu abrigo, onde me recolho, me protejo e recupero. Não há lugar onde eu goste mais de estar.
Fez um ano que tenho esta casa. Única. Salva do abandono, restaurada para a posteridade. Obras eternas. Há sempre algo para melhorar, algo para modernizar e decorar. Ainda aqui andam areias, cimentos e tijolos. Um projecto sem conclusão marcada, um propósito enquanto durar uma vida ou duas.

terça-feira, 22 de março de 2011

Marina

6:41 Será o meu relógio biológico ou será o dos meus gatos que me fez acordar praticamente à mesma hora de ontem? Não tenho consciencia quem foi ao certo pois com manha livre permiti-me a dormir mais, com um gato de cada lado como guardiões do meu sono.
Á hora prevista, levantei-me com uma disposição diferente. Tinha mensagem de quem eu queria. Trocámos algumas palavras pensadas que terminaram num “Vem ter comigo” que me bloqueou como sempre.
Hoje só consigo ouvir Marina and the Diamonds. Quando tomei o duche, quando fui á cidade, quando voltei a casa, quando fui e vim do trabalho. Há algo neste I am not a robot, que se encaixa perfeitamente no meu espírito e nos acontecimentos do momento.


I Am Not A Robot
You've been acting awful tough lately
Smoking a lot of cigarettes lately
But inside, you're just a little baby
It's okay to say you've got a weak spot
You don't always have to be on top
Better to be hated than love, love, loved for what you're not

You're vulnerable, you're vulnerable
You are not a robot
You're loveable, so loveable
But you're just troubled

Guess what? I'm not a robot, a robot
Guess what? I'm not a robot, a robot

You've been hanging with the unloved kids
Who you never really liked and you never trusted
But you are so magnetic, you pick up all the pins
Never committing to anything
You don't pick up the phone when it ring, ring, rings
Don't be so pathetic, just open up and sing

I'm vulnerable, I'm vulnerable
I am not a robot
You're loveable, so loveable
But you're just troubled

Guess what? I'm not a robot, a robot
Guess what? I'm not a robot, a robot

Can you teach me how to feel real?
Can you turn my power on?
Well, let the drum beat drop

Guess what? I'm not a robot
Guess what? I'm not a robot

segunda-feira, 21 de março de 2011

Hurts

6:43 Como quase sempre Nic acordou-me antes do despertador tocar. Já era incrivelmente de dia, devia por uma pessoa logo bem disposta, mas estava cheio de sono, parecia drogado (como se soubesse que sensação é essa!) ou como se tivesse deitado à pouco. Nic e Mio mexiam-se e vinham ronronar á minha cara, à espera que me levantasse para lhes dar de comer. Resisti e forcei-me a dormir mais um pouco. Precisava pelo menos mais aquela hora que restava. Quando o despertador tocou, tinha a impressão, ultimamente habitual, que não tinha dormido tudo. No telemóvel duas respostas de quem eu tinha enviado mensagem quando me deitei. Nada que me despertasse muita importância. Quem eu realmente queria não tinha dito nada.
Despachei-me em 30 minutos, comi com aquela sensação que não ando a comer da melhor maneira e que me anda a deixar enjoado logo pela manhã. Pelo caminho até ao trabalho, ouvi duas músicas dos Hurts. Voltei a ouvi-los. Românticos, tristes, nostálgicos, sofridos. Sinto-me tão assim estes dias.