quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Tempestade



As últimas duas semanas foram prodigas em acontecimentos e eu descurei-me mais uma vez de pôr a escrita em dia, a ver se é hoje que começo a arrumar os assuntos...
Tenho mesmo que falar do temporal que assolou o país no dia 19 de janeiro, é inevitável. Nessa manhã de sábado, mesmo sob aviso de todos os meios de comunicação tive que ir para a loja, já sei que com chuva e vento não vale a pena ter as portas abertas, mas também ia à cidade tratar de outros assuntos. Uma vez na loja, o vento era tanto e lançava-se em rajada pela rua que por momentos pensei que era um tornado e que os edifícios abandonados em redor iam começar a desfazer-se, sem exageros porque houve realmente coisas a voar, chapéus de chuva destruídos e bocados de parede a cair. Fiquei na loja ate à hora de almoço em arrumações sem puder falar com ninguém, porque a Vodafone ficou sem sinal e não era possível fazer chamadas nem enviar mensagens.
Já a meio da tarde quando regressei a casa, para além da falha nas comunicações, era a luz que estava a faltar desde a manhã e o vento era tanto que havia uma urgência para resolver nas capoeiras. A ventania tinha soltado a rede de sombra e o telhado de uma casota tinha voado, foi simplesmente surreal estar a pregar tábuas e arranjar a rede em plena tempestade, com vento ciclónico, chuva na cara e botas enterradas na lama. O lado “romântico” da coisa foi tomar banho à luz de lanterna, fazer o jantar na cozinha iluminada por um candeeiro a petróleo antigo, jantar à luz de velas e dormir no sofá com a lareira acesa. Inédito foi adormecer às 23h30 como no tempo dos meus avós, mas claro sempre em alerta porque o vento não deu tréguas a noite toda.
Na manhã seguinte foi o cenário que se viu pelo país inteiro, não foi um tornado que passou, mas uma tempestade devastadora que muitos estragos causou. A normalidade foi algo que ainda demorou a restabelecer-se, pois algumas zonas da cidade estiveram sem luz durante vários dias e a rede de telemóvel continava a falhar.
Já fiz viagens sem bateria no telemóvel, já andei manhãs sem poder contatar ninguém porque não fiz um carregamento, já apanhei um susto com o “desaparecimento” de N. que deixou o telemóvel na loja só para ir buscar o carro e esteve horas sem dar sinal, agora isto... estar incontactável numa situação limite é mesmo das piores coisas que pode acontecer. 

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