Estranhamente os
primeiros post deste ano têm tido um cariz muito pessoal... apesar deste blog
se chamar Crónicas da Vida não era minha intenção enveredar por uma escrita
demasiado reveladora e intimista, porque há assuntos e temas que nem às paredes
se confessam, mas como tento manter um fio condutor entre os
posts que escrevo, tinha que dar continuidade ao momento das confidências.
Como é sabido adoro os
revivalismos de épocas passadas, no entanto, no que toca aos assuntos pessoais faço
questão de esquecer o que já lá vai, mas inevitavelmente o dia nove de Janeiro,
traz-me sempre à memória uma certa pessoa e os acontecimentos a ela associados.
Em flashback regresso
a 2001, quando fui conhecer essa pessoa depois de dois anos de conversas online.
Na altura estava a estudar em Santarém, tinha 23 anos e estava a começar a
aproveitar a vida, tardiamente, mas de forma regrada, e decidi aventurar-me num
encontro. Não procurava namoros, mas por tudo que havia sido escrito, já tinha
criado uma imagem perfeita dessa pessoa e avançei com elevadas expectativas.
Fui de comboio até Lisboa, segui de metro para a Alameda e encontramo-nos no IST, depois fomos para o
Parque das Nações e à beira rio perdemo-nos nas conversas. A cada segundo que
passava sentia-me mais encantado por aquela pessoa, que
correspondia totalmente ao meu ideal de beleza e me fascinava pela maturidade apesar dos seus 19 anos, muito
mais vividos que os meus 23, diga-se a bem da verdade. Logo ali tentou não me
criar ilusões, mas era tarde demais, eu já estava apaixonado...
Fomos ver o filme Moulin Rouge e não sei se o encanto se deveu ao momento, o certo é que até hoje permanece como um dos meus filmes preferidos
de sempre. Antes de nos despedirmos, ainda houve tempo para me escrever uma
dedicatória e depois cada um seguiu o seu caminho.
Os momentos que se
seguiram foram de um coração a palpitar com um sentimento lindo e novo, para
logo ser despedaçado com a confirmação que não era correspondido e que a esperança
não era sequer uma hipótese. Sofri, chorei, enlouqueci, mas tentei a todo o
custo captar a sua atenção, por emails e mais tarde por cartas e encomendas, tentando
agradar-lhe com filmes, músicas e coisas que para mim faziam sentido
e que podiam criar uma ligação emocional, já que não podia ser nada mais físico.
Tempos passaram sem grandes contatos e só anos depois consegui finalmente um reencontro em Lisboa, jantamos num restaurante indiano e fomos a um concerto. Eu ainda tinha o sentimento, camuflado sob uma capa de amizade, mas a verdade é que estava ciente que nada podia fazer ou dizer e que nada iria conseguir mudar a visão que tinha de mim. Depois disto esqueci o passado e virei a página, mas ainda houve tempo para me surpreender... Quis o acaso que nos encontrássemos inesperadamente num bar em Leiria, onde estava presente a sua cara metade de há muitos anos. O que me deixou perplexo foi ver que essa pessoa não correspondia em nada ao que eu tinha imaginado, era simplesmente banal, e mais do que um choque, foi uma apunhalada no meu pequeno e frágil ego. Anos e anos a martirizar-me por não ser suficientemente bonito para aquela pessoa que me renegou, quando afinal a beleza física era o que menos lhe importava, e podia ser um top model que não iria conseguir nada na mesma!!! Mas foi apenas naquele momento que senti o reverso da medalha a meu favor, pois foi das primeiras vezes que me senti bem na minha pele, confiante, jovem e tão melhor... e isso sim, foi o melhor presente que consegui tirar desta história.
Tempos passaram sem grandes contatos e só anos depois consegui finalmente um reencontro em Lisboa, jantamos num restaurante indiano e fomos a um concerto. Eu ainda tinha o sentimento, camuflado sob uma capa de amizade, mas a verdade é que estava ciente que nada podia fazer ou dizer e que nada iria conseguir mudar a visão que tinha de mim. Depois disto esqueci o passado e virei a página, mas ainda houve tempo para me surpreender... Quis o acaso que nos encontrássemos inesperadamente num bar em Leiria, onde estava presente a sua cara metade de há muitos anos. O que me deixou perplexo foi ver que essa pessoa não correspondia em nada ao que eu tinha imaginado, era simplesmente banal, e mais do que um choque, foi uma apunhalada no meu pequeno e frágil ego. Anos e anos a martirizar-me por não ser suficientemente bonito para aquela pessoa que me renegou, quando afinal a beleza física era o que menos lhe importava, e podia ser um top model que não iria conseguir nada na mesma!!! Mas foi apenas naquele momento que senti o reverso da medalha a meu favor, pois foi das primeiras vezes que me senti bem na minha pele, confiante, jovem e tão melhor... e isso sim, foi o melhor presente que consegui tirar desta história.
Um comentário:
a beleza está nos olhos de quem a vê... ;)
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