As
primeiras lembranças que tenho da louça Bordalo Pinheiro remontam à infância, onde
em casa de familiares e conhecidos existia uma ou outra peça na parede. Não me
recordo se gostava ou não, mas achava estranho ver pendurado um prato com uma lagosta em relevo e também me intrigava comer em louça com feitio de couve. Mais
tarde a estética Bordalo Pinheiro reportava-me para o imaginário kitsch, senão
piroso, e penso que nos anos 90, onde reinou um certo minimalismo nas roupas, nos
vídeos, na arquitetura e também na decoração, grande parte das pessoas pensou o
mesmo. Tal facto justificou o desprezo que a Bordalo sofreu desde então, ao
ponto de até há pouco tempo a fábrica sediada nas Caldas de Rainha, ter estado
em eminência de fechar. Um súbito interesse do governo em preservar o que é
nacional evitou o encerramento da fábrica e de um momento para o outro, o
produto made in Portugal começou a ser valorizado. Embora as peças mais
marcantes da Bordalo não sejam para todos os gostos nem para todas as casas, há
sempre a linha mais casual e soft. Quando fui morar para o apartamento alugado em
2007 e para esta casa em 2010, adquiri várias peças e algumas foram-me oferecidas,
como esta terrina que tem uma presença que não passa despercebida. Sempre me identifiquei
com o estilo rústico/campestre na decoração das casas, porque sempre gostei da vida
do campo, das quintas, dos animais e da natureza. Uma casa que incorpore
esses elementos e tenha uma atmosfera do princípio do século, é o meu ambiente ideal, mas
a decoração é como uma casa reconstruída há sempre coisas pendentes, inacabadas
e em constante mudança.
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