Durante a minha infância e adolescência, quando a internet ainda estava a
ser inventada, quando o telemóvel era apenas um sonho, quando se acordava cedo
para ver desenhos animados e quando se brincava na rua até ao anoitecer, a televisão
era a melhor amiga dos serões das crianças e dos adultos. Não havia família que
depois do jantar não se reunisse no sofá para assistir à telenovela da noite,
como que um ritual à hora marcada, um sistema que se incorporou na vida
Portuguesa durante décadas, com a primeira novela a passar no nosso país em 1977.
Para além dos desenhos animados e do TvRural, as novelas eram o que mais
gostava de ver na televisão, seguia episódio após episódio, adorava ver as cenas
do próximo capítulo, estava sempre atento às revistas para saber quais as novas
produções do Brasil e sabia os nomes de todos os atores.
A primeira novela que vi fielmente foi o Pantanal (1990), tinha 12 anos e
esperava por horas menos próprias para assistir a uma produção inovadora, uma
história mística com um quê de erotismo, com cenários naturais deslumbrantes, que
se tornou num êxito e não havia ninguém que não soubesse de que se tratava. Mas
a verdadeira febre aconteceu pouco depois com Vamp (1991), era de correr da
escola até casa para não perder pitada dessa história que conjugava fantasia, música
e comédia, foi o meu maior vicio televisivo. Lembro-me de mais umas quantas:
Ana Raio e Zé Trovão (1991), Fera Ferida (1994), A Próxima Vítima (1995), com destaque
para Força de um Desejo (1999), A Padroeira (2001) e Chocolate com Pimenta
(2003), estas eram de época, género que ainda hoje muito me agrada, principalmente
em cinema (a par com a ficção cientifica).
Depois outros interesses apareceram e não liguei mais a telenovelas. Do
Brasil foram surgindo produções mais urbanas e inventaram-se os remakes, já em
Portugal, a produção ganhou outra força ao ponto de por vezes transmitirem diariamente
quatro novelas nacionais. Vi com algum interesse Tempo de Viver (2006), pelos
diálogos acutilantes soberbamente escritos por Rui Vilhena e apanhei a meio
Deixa-me Amar (2007), uma adaptação de um original argentino, com cenas e
diálogos hilariantes. Mais recentemente, comecei a ver Remédio Santo (2012), cujos
ingredientes faziam lembrar as novelas brasileiras ambientadas em pequenas
vilas do interior, com personagens carismáticas e um mistério central como fio
condutor. Sim era boa, talvez a melhor novela nacional feita até agora, mas
quando algo corre bem e se tenta levar o produto até à exaustão (A tua cara não
me é estranha e os Idolos são disso exemplo), quando se começa a acrescentar episódios (que já passa dos 300),
quando as personagens já têm que encher chouriços na história (o par central junta-se
e separa-se dezenas de vezes e os vilões ressuscitam outras mil), então aí a minha
paciência chega ao limite.
Pantanal (1990)
Vamp (1991)
Ana Raio e Zé Trovão (1991)
Fera Ferida (1994)
Força de um Desejo (1999)
A Padroeira (2001)
Chocolate com Pimenta
(2003)
Um comentário:
Actualmente não vejo telenovelas e quando via não tinha muito interesse. Na Vamp tinha eu 16 ou 17 anos e vi e adorei o fabuloso trabalho da Cláudia Ohana. A minha mãe era completamente fã da Fera Ferida e vi bastantes episódios. Novelas portuguesas nunca vi nenhuma do inicio ao fim. As ultimas novelas que vi foi o Caminho das Índias e as Páginas da Vida.
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