sábado, 5 de maio de 2012

Hipermercado VS Mercearia


Ao longo dos tempos ir ao hipermercado tornou-se um hábito inato, algo que se faz de impulso e não muito pensado. Quando faz falta alguma coisa, corre-se ao que estiver mais perto e acaba-se por trazer muito mais que o indispensável. Falo por mim, mas estou crente que não sou o único a pensar e agir da mesma maneira.
Mas muito antes de existirem hipermercados e consequente vício em compras... eu ainda sou do tempo que ir ao supermercado se resumia à loja da vizinha, à mercearia do bairro e à leitaria, onde havia embalagens de leite do dia e gelados acabados de sair da máquina. Como não existiam grandes superfícies de consumo, era tudo mais pessoal, fresco e singelo.
Quando os grandes supermercados começaram a surgir, recordo que famílias inteiras deslocavam-se às novas “catedrais” como que em romaria de fim-de-semana. Ir as compras passou a ser um acontecimento familiar mas também o início de um acumular de excessos. Nunca até aí as pessoas consumiam tanto nem gastavam tanto.
Aquando da proposta de lei para que começassem a abrir aos domingos, fui a favor, pensei nas vantagens que poderia trazer: mais empregos e mais consumo, logo mais benefício para a economia do país. Mas um ano e meio depois da aprovação da lei, a minha opinião é diferente.
Quando se vai viver para o campo e se procura fazer as coisas pelo método tradicional, seja cultivar uma horta ou criar animais, tentando ser sustentável, produzir aquilo que se come, criar um negócio com base em produtos tradicionais recorrendo ao que os mercados locais têm à disposição, está-se a fazer um regresso as origens, ao modo tradicional e à produção biológica. As idas ao mercado tornam-se mais frequentes e é curioso verificar que os preços praticados são quase idênticos aos das grandes superfícies, com a vantagem da compra ser feita diretamente ao produtor e ser tudo quase do campo para o prato sem passar por mãos terceiras.
Se algo drástico acontecesse e fechassem todos os hipermercados, se o monopólio do comércio alimentar deixasse de ser feito pelos mesmos, (não nos damos conta mas sempre que vamos ao Continente ou ao Pingo Doce não estamos a pagar a quem cultivou arduamente, mas sim a enriquecer ainda mais os senhores capitalistas), o primeiro pensamento seria de drama social visto milhares de pessoas irem para o desemprego, mas se calhar não seria bem assim. O comércio tradicional emergia, as antigas mercearias renasciam, o padeiro voltaria a andar de porta em porta, o amola tesouras tocaria aquela música inconfundível e eu talvez pudesse voltar a encontrar uma leitaria naquela rua.
Mas isto sou eu e os meus pensamentos saudosistas e revolucionários a falarem mais alto.

Um comentário:

Anônimo disse...

é exactamente o que eu penso..as grandes superficies só vieram acabar com o pequeno comércio e, o mais interessante disto tudo é que é o pequeno comércio que ajuda a economia a crescer..as grandes superficies em nada ou quase nada contribuem para a economia nacional