Ao longo dos
tempos ir ao hipermercado tornou-se um hábito inato, algo que se faz de impulso
e não muito pensado. Quando faz falta alguma coisa, corre-se ao que estiver mais
perto e acaba-se por trazer muito mais que o indispensável. Falo por mim, mas
estou crente que não sou o único a pensar e agir da mesma maneira.
Mas muito
antes de existirem hipermercados e consequente vício em compras... eu ainda sou
do tempo que ir ao supermercado se resumia à loja da vizinha, à mercearia do
bairro e à leitaria, onde havia embalagens
de leite do dia e gelados acabados de sair da máquina. Como não existiam
grandes superfícies de consumo, era tudo mais pessoal, fresco e singelo.
Quando os
grandes supermercados começaram a surgir, recordo que famílias inteiras
deslocavam-se às novas “catedrais” como que em romaria de fim-de-semana. Ir as
compras passou a ser um acontecimento familiar mas também o início de um
acumular de excessos. Nunca até aí as pessoas consumiam tanto nem gastavam
tanto.
Aquando da
proposta de lei para que começassem a abrir aos domingos, fui a favor, pensei
nas vantagens que poderia trazer: mais empregos e mais consumo, logo mais benefício
para a economia do país. Mas um ano e meio depois da aprovação da lei, a minha
opinião é diferente.
Quando se vai
viver para o campo e se procura fazer as coisas pelo método tradicional, seja
cultivar uma horta ou criar animais, tentando ser sustentável, produzir aquilo
que se come, criar um negócio com base em produtos tradicionais recorrendo ao
que os mercados locais têm à disposição, está-se a fazer um regresso as origens, ao
modo tradicional e à produção biológica. As idas ao mercado tornam-se mais
frequentes e é curioso verificar que os preços praticados são quase
idênticos aos das grandes superfícies, com a vantagem da compra ser feita diretamente
ao produtor e ser tudo quase do campo para o prato sem passar por mãos
terceiras.
Se algo
drástico acontecesse e fechassem todos os hipermercados, se o monopólio do comércio
alimentar deixasse de ser feito pelos mesmos, (não nos damos conta mas sempre
que vamos ao Continente ou ao Pingo Doce não estamos a pagar a quem
cultivou arduamente, mas sim a enriquecer ainda mais os senhores capitalistas),
o primeiro pensamento seria de drama social visto milhares de pessoas irem para o
desemprego, mas se calhar não seria bem assim. O comércio tradicional emergia, as antigas mercearias renasciam, o padeiro voltaria a andar de porta em
porta, o amola tesouras tocaria aquela música inconfundível e eu talvez pudesse voltar a encontrar
uma leitaria naquela rua.
Um comentário:
é exactamente o que eu penso..as grandes superficies só vieram acabar com o pequeno comércio e, o mais interessante disto tudo é que é o pequeno comércio que ajuda a economia a crescer..as grandes superficies em nada ou quase nada contribuem para a economia nacional
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