terça-feira, 10 de maio de 2011

Oquestrada


Fez em Abril um ano que fui ver os Oquestrada numa festa popular em Aveiras. Conhecia o álbum á pouco tempo e estava curioso para os ver actuar ao vivo. Uma ida a Lisboa com paragem obrigatória em Aveiras no regresso serviu de pretexto.
Um ano depois, eis a vinda dos Oquestrada à minha cidade, por isso era mais que certo ir vê-los de novo. Aqui o ambiente era outro, em vez de uma praça ao ar livre cheia de populares alegremente alcoolizados na festa do vinho, o cenário era uma sala de Teatro e certamente menos público, porque as gentes desta cidade aderem pouco ao que desconhecem e lhes soa diferente. Contudo, a sala estava quase cheia com gente de todas as idades.
Os Oquestrada, tal como se entende são uma orquestra que se faz à estrada e corre o País e a Europa de lés a lés a espalhar a sua música. É um grupo constituído por músicos que fazem música de verdade e que têm prazer visível naquilo que fazem. O seu estilo não é definível num só, pois a surpresa é uma constante, se por um lado soa a música popular, por outro pode ser um fado dançável… eles definem-no como Tasca Beat. Os Oquestrada pegam em elementos do fado e da canção popular e brincam, misturando música de leste, cigana, africana, muito bem condimentada com canções que fundem o nacional castiço com o francês dos emigrantes portugueses, passando pelo crioulo que se ouve nos subúrbios de Lisboa. Uma miscelânea de sons, uma multiculturalidade que contagia logo aos primeiros acordes. Os instrumentos variam da guitarra portuguesa que se transforma num violino Russo, passando por uma bateria improvisada em forma de cadeira, uma contra-bacia que soa a Jazz e um acordeão que nos faz lembrar Paris.
As palmas propagam-se pela sala e a vontade de saltar da cadeira é muita e há mesmo quem se atreva a dançar sem pudores. O ambiente é de folia e é impossível alguém não ficar bem-disposto com tal arraial. É dificil definir este concerto e as sensações que nos desperta numa só palavra, basicamente é como se chegássemos a uma tasca de Lisboa ou fossemos conduzidos a um bailarico de verão.
O à vontade em palco é notório e o discurso de Miranda entre cada música em tom de dedicatória, toma proporções de intervenção politica com algum humor e ironia à mistura. Quem viu dois concertos percebe que há um alinhamento, um enredo estudado, ora Miranda arregaça a saia do vestido que usa em todas as actuações, ora protagoniza momentos hilariantes durante as actuações, como fazer-se de sonâmbula e trepar pelas colunas, revelando-se uma verdadeira one woman show. Todo o ambiente recria um cenário de boémia suburbana e irreverência, mas nada é forçado, eles são mesmo assim, genuínos. É esta verdade, alegria, energia em palco e fusão de universos diferentes que faz gostarmos deles instantaneamente. De uma coisa podemos ter a certeza, os Oquestrada são criativos, têm a capacidade de reinventar o popular e fazem-no com mestria.



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