quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Acontecimentos em cadeia



Sou de artes, mas não sou artista, estudei arte e design no secundário, tirei uma licenciatura em ensino de Educação Visual e Tecnológica em vez de ter ido para estilismo, arquitetura, cerâmica ou pintura, por uma questão de achar que no ensino havia trabalho garantido e dava mais sustentabilidade que essas profissões que “não passam de devaneios para gente avant-garde e fashion victims!”. Dez anos depois é o que se vê: os professores que eram figuras respeitadas, que tinham algum status e regalias (porque não haveriam de ter, estudaram para isso não!), veem-se nos últimos anos como alvo preferido do governo para cortes e reduções, sendo tratados como personas non gratas dispensáveis na sociedade. Podia pensar que se tivesse seguido outro caminho não estaria a passar por esta situação, mas seria possível viver da arte? Acho que nem antes e muito menos agora, numa altura que as áreas artísticas estão sobrelotadas, numa altura que fábricas fecham todos os dias, numa altura que falta dinheiro para o básico quanto mais para comprar arte... decididamente fiz a escolha certa. O problema é esta instabilidade de ser eterno contratado e estar um pouco limitado em opções de trabalho.
Pois é fiquei desempregado outra vez, pensava eu que era para o ano todo, já fazia contas com o dinheiro certo todos os meses e contava não visitar a segurança social por uns bons meses, mas uma série de acontecimentos em cadeia ditaram o fim do contrato. Numa sexta feira encontrei na escola uma colega que esteve ano e meio de baixa e que regressou ao trabalho, nesse instante fiquei a saber que uma outra ia embora porque tinha estado a substitui-la. Pelo caminho pensei, ora se o meu horário são 10 horas de amamentação de duas colegas e se uma vai embora, como é que isto vai ficar!? Mas depressa varri esses pensamentos porque era fim de semana. Poucos dias depois recebi um telefonema da direção com más notícias, pois que o ministério avisou que o meu contrato tinha que fechar porque as restantes horas iam para a bolsa de recrutamento... assim sem mas nem meio mas!!! É certo que podia concorrer a essas poucas horas, mas a distância a que estava e o que iria receber por 5 horas era o mesmo que andar a pagar para trabalhar!!! Conclusão: estive colocado 2 meses, pela primeira vez a dar apoios ao 1ºciclo, o fim foi repentino e nem deu para me despedir das crianças, deram-me 4 dias de férias (irónico não!), só voltei à escola para tratar de papelada, regressei ao centro de emprego e fui atendido por um parvalhão, lá tenho que fazer as apresentações quinzenais na segurança social e pronto voltou tudo ao mesmo.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Michelle Matson



No concurso Work of Art – Season 2, uma artista despertou-me a atenção pela criatividade com que manipulava um dos materiais mais banais do mundo: o papel. É incrível como se pode fazer tanta coisa com papel, é que para além de se desenhar e pintar sob esse vulgar suporte, também se pode esculpir, e foram as esculturas cruas, obscenas e realistas de Michelle Matson que me fizeram aquele plim: “como é que eu nunca tinha pensado nisto antes!!!”. Quando algo me surpreende é meio caminho para eu gostar e idolatrar, porque me atraem as novidades, as ideias futuristas, as inovações, aquelas cabeças que conseguem descobrir para além do obvio e que deitam por terra a minha teoria de que “já está tudo inventado”.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Papa Quilómetros o livro



Pelos anos N. deu-me um livro que andava a cobiçar algum tempo, um livro de receitas pois claro... Papa Quilómetros que também foi um programa de culinária, dos mais cativantes dos últimos tempos, só podia ter como base um livro à sua semelhança.
Imediatamente o que salta à vista é a qualidade da fotografia e à medida que se viram as páginas descobrem-se encantos que vão do grafismo às palavras da autora. O grande destaque vai para o design deste livro: são 10 capítulos, cada um com um grafismo único, como se fossem 10 livros distintos encomendados a 10 designers diferentes... não podia isto estar mais de acordo com o mestrado em Design Editorial que comecei e não acabei, tinha aqui uma grande fonte de inspiração ah pois!!! Como fio condutor de tudo estão as palavras cativantes da escritora, jornalista e mulher do cozinheiro, que nos avisa que na concretização deste livro a regra foi a ausência dela, que não se vai encontrar nada arrumadinho, nenhuma obrigação, nenhuma ordem nem nenhum número exato de pratos em cada capítulo, que o objectivo é não ter limitações nem castrações, que a ideia é fugir ao politicamente correto e que tudo ficará ao serviço da espontaneidade... E foi isso que vi e li por aqui. Mas no final da história, as receitas foram o que menos interessaram.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Gravuras



No Natal, N. ofereceu-me dezenas de gravuras antigas com animais que comprou num alfarrabista. Andei uns tempos a pensar no que fazer com elas, pois como na parede do hall estão 9 molduras (com imagens que já não mudava há um ano), assim que as festividades terminaram, selecionei as gravuras com pássaros e foram diretas para lá. Melhor foi impossível.


sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Pintainhos



Como já tinha dito aqui, estava uma coquicha a chocar ovos e com os dias de chuva que estiveram no mês de Janeiro andava a rezar para que não houvesse uma trovoada senão estragavam-se os ovos como já me tinham avisado. Segundo me disseram também, a questão dos nascimentos é quase matemática, a galinha choca durante 21 dias exatos e pelas minhas contas o dia da tempestade era precisamente o penúltimo de choco, logo nada podia perturbar a ave. A coisa esteve feia, os ventos eram de tornado, o telhado da casota do lado levantou, andamos a pregar tábuas e a prender a rede às árvores, mas trovoada felizmente não houve. E porque depois da tempestade vem a bonança... no dia 20 pela manhã os pintos tinham nascido. Eram 12 mas reparei que um ainda estava no ovo, tentei ajudar, mas pouco depois não sobreviveu, já devia ter aprendido que não se interfere com a mãe natureza, mas era o 13º, alguma coisa estava predestinada!