Desde que
ouvi o álbum de estreia dos La Roux, em 2009, que lhes ganhei uma certa veneração.
Conquistaram-me acima de tudo com a sonoridade, um coktail bem concebido de pop
eletrónico altamente dançável com reminiscências tropicais e um cheirinho
retro, músicas com refrões trauteáveis que passados quatro anos ainda ouço com a
mesma vicissitude, o que só mostra que o que criam não é efémero e não satura
com o tempo. Esteticamente não tão excêntricos como certas bandas e com vídeos visualmente
diversificados, os La Roux ganham sobretudo pelo carisma e o estilo de Elly
Jackson, a vocalista cuja voz mutante que vai do falsete ao delicodoce, pode parecer chata mas nunca cansa. Quando surgiram não faltaram comparações com outras
bandas como os Yazoo e os Eurythimcs, mas esta ruiva veio mostrar que está
muito para além disso, pois o que trás é algo novo e não memórias ou reinvenções do passado.
Em 2010
esteve agendado um concerto na discoteca Lux, e na altura coloquei a hipotece de
ir, afinal era a oportunidade de conhecer o mítico espaço e ouvir a banda do
momento, mas “felizmente” o evento foi cancelado e eu também não tinha a
possibilidade de ir. Meses depois, marcaram presença no Optimus Alive, que
tratando-se de um festival acarreta preços mais elevados, mas não
senti pena, porque ver o concerto inserido num festival não é a mesma coisa que
ver o concerto em nome próprio. Este ano
estiveram no festival Mares Vivas o que me deixou novamente com aquele pensamento “bolas perdi mais um concerto top, mas que raio têm que ser todos em Lisboa!”... não estava nada à espera era que voltassem
novamente este ano para atuar na Festa das Latas em Coimbra. Ora bem, preço acessível
e perto, desta vez não podia perder, daí que o dia 18 de Outubro já estava na
mira há muito tempo.
Enquanto o
novo álbum teima em não ser lançado, os concertos têm servido para apresentar
algumas músicas novas e eu já estava mais que preparado. Este concerto é a prova de que com pouco se faz muito e é na simplicidade que está o ganho. Não
havia cenários grandiosos, mas havia luzes que mudavam e criavam ambientes ora enigmáticos ora psicadélicos, não havia mudas de roupa, figurinos nem bailarinas, mas havia uma Elly
Jackson com a roupa mais casual do mundo e passos de dança ritmados que só por si preenchia o palco, havia músicas totalmente dançantes que tornaram o
espaço numa grande discoteca, havia pessoas que sabiam as músicas de cor, havia um
clima de boa disposição no ar, havia personalidade em palco e muito, mas muito
estilo.
Apesar do temporal que se abateu sobre Coimbra, o recinto encheu e vibrou.
Elly
Jackson, cantou, dançou e encantou com o seu estilo único.