quinta-feira, 26 de maio de 2011

Império

Nos últimos dias criei uma mania por Martha Stewart e o seu mundo. Alguém vai dizer que a moda por esta senhora já passou há uns anos quando muito se falava dela e os seus programas passavam na televisão. Mas nessa altura eu não tinha tv cabo nem a minha cabeça andava tão virada para o campo, a agricultura e a culinária. Depois de Nigella Lawson, Mafalda Pinto Leite, Sophie Dahl, Lorraine Pascale (a next best thing de Inglaterra), tenho-me interessado pela vida e obra de Martha e a construção do seu império, que vai muito além da culinária. Martha Stewart retrata um estilo de vida que pode parecer agora um bocadinho antiquado mas que gosto muito. A vida no campo, o cultivo de produtos agrícolas, as plantas, os arranjos florais, os animais, a decoração, o artesanato e claro a culinária.
Depois de ter tirado um curso de História da Arquitectura, de ter sido modelo e de ter vendido móveis, aos 35 anos decidiu começar um negócio de catering na cave da sua casa de campo em Connecticut, a belíssima Turkey Hill. Também foi gerente de uma loja de comida gourmet e pouco depois abriu a sua própria loja. O marido era editor e graças a uma festa que Martha organizou, revelando o seu talento na cozinha, surgiu a hipótese de publicar o primeiro livro de culinária. Ao que se seguiram muitos mais na década de 80. Durante esse tempo, escreveu colunas em jornais, artigos de revistas e fez presenças em programas de televisão. Nos anos 90, surgiu a revista Martha Stewart Living da qual se tornou editora chef (em 2002 tinha uma tiragem de 2 milhões de cópias). Começou por ter um programa televisivo de meia hora semanal baseado na revista que rapidamente passou a uma hora diária. No final dos anos 90, formou a companhia Martha Stewart Living Omnimedia, que administra a sua carreira televisiva bem como todas as publicações. Nos anos seguintes viu-se envolvida num escândalo de corrupção, mas a máquina que gere a sua imagem avançou com novos projectos, livros, programas e contratos com empresas que desenvolveram produtos associados a Martha.
Recentemente pôs à venda a casa Turkey Hill cenário dos seus 34 livros. Mas mantém residências em Bedford, New York a Cantitoe Corners; a casa de verão no Maine, conhecida por Skylands e no East Hampton a Lily Pond Lane Home.
Aos 70 anos, esta dona de casa do Connecticut que se tornou numa das empresárias mais bem sucedidas do mundo é um exemplo de com algo simples, como cozinhar, tratar de plantas e hortas se pode ir muito longe.
Em Portugal também temos exemplos de Impérios que foram construídos a partir de coisas simples como a produção de vinho e café. Mas creio que hoje em dia, tirando o mundo da música, da televisão e da política, é praticamente impossível construir um império, digo, ter mais que uma casa, uma empresa, gerir uma rede de negócios, ter sucesso e lucro a partir de uma coisa tão simples, como ser bom cozinheiro, ter editado um livro, ter uma empresa de catering, inventar um cupcake, cultivar um legume raro, abrir um restaurante… Simplesmente porque há gente amais em tudo. Outros tempos digo eu. Mas não custa nada tentar.

The Apprentice: Martha Stewart(2005)

terça-feira, 17 de maio de 2011

Metamorphosis


      Conheci Yolanda Soares em 2007 com o seu álbum Music Box que misturava fado e música clássica. Eu que nunca dei muita importância ao fado fiquei bem impressionado, afinal de contas eu gosto de junções musicais, inspirações em outros estilos e épocas, covers e sons do mundo. Quando se chega ao ponto de achar que está tudo inventado na música, a reinvenção e as remisturas são a solução e penso que esta década será recordada não por algo de novo mas por se ressuscitar e reinventar o passado. Mas Yolanda era muito mais que apenas música portuguesa reinventada, era também imagem, teatralidade, era todo um ambiente estudado ao pormenor, das roupas aos detalhes visuais, num verdadeiro exercício musical e de estilo pouco ou nada visto no nosso país.
Três anos depois ei-la com um novo álbum, previamente anunciado como um registo diferente do anterior, uma surpresa prometida. Uma metamorfose confirmada quando ouvidas algumas faixas que logo fizeram perceber que estava a percepcionar algo muito bom. Yolanda assumia um lado crossover e explorava os seus registos vocais que vão do ligeiro ao lírico, em fusão com influências musicais do canto gregoriano, do pop, rock e sons tridimensionais do electrónico.
      Não tive oportunidade de ir aos concertos nos Coliseus, com algum lamento e revolta, pois aborrece-me que a maior parte dos acontecimentos culturais se centrem na capital. Mas saber que Yolanda ia fazer uma tournée deixou-me esperançoso. Era desta que iria viver uma experiencia musical para os sentidos e Alcobaça era a cidade alvo. Curiosamente na noite anterior a RTP 2 transmitiu os concertos dos Coliseus, o que foi um bom prelúdio.
      O cine teatro era pequeno e não estava cheio. Era o primeiro dos 7 concertos. Talvez as pessoas não conheçam, afinal não é música para as massas, como gosto de dizer, é música para gostos apurados e refinados.
     Quando Yolanda entrou na sala, juro que senti um perfume no ar e a dúvida colocou-se, seria mesmo da sua presença iluminada tal anjo branco de voz cristalina? A verdade é que o doce odor de vez em vez se fazia sentir, embalando as músicas que deram início ao concerto. Do primeiro álbum foram cantados alguns fados conhecidos com novas roupagens que acalmaram os ouvintes, não acusando nada do que se seguiria. Foi então que Yolanda falou para a sala e explicou o sentido do seu espectáculo e da Metamorfose musical que a partir dai iria começar.
      Um instrumental electrónico dançavel invadiu a sala enquanto a artista se retirou para mudar de roupa. A partir daí o novo álbum fez-se ouvir com arranjos adaptados, pois os meios usados neste espectáculo não eram certamente os mesmos dos Coliseus. Entre canções ligeiras e baladas, a cantora exibia os seus dotes vocais, uma voz poderosa e lírica. Ora delicada a acompanhar a guitarra portuguesa, ora em surpreendente conjugação com a guitarra eléctrica, ora clássica ao som do piano, ora disputando volume com a bateria por vezes demasiado potente. Acredito que muitos se sentiram levados para uma ópera rock, um musical da Broadway, um concerto de Nightwish. Mas não, em português isto soava a algo realmente nunca feito por cá.
      A energia de Yolanda era em crescente, libertou-se a cada música, circulando pela sala exteriorizando emoções e nunca esquecendo de comunicar com o público. De destacar a inteligência e a gentileza de convidar um grupo coral de crianças de Alcobaça para cantar consigo um tema. Destaque também para o guarda-roupa, tão bem vestida pelos Storytailers no seu fato de guerreira que se transforma em casta princesa, mas desta vez no sentido inverso.
      Senti falta de um ecran que passasse vídeos e apontamentos audiovisuais, acho que essa componente combina com o estilo de espectáculo e só enriquecia a imagem criada em torno de Yolanda. Já lhe expressei em mensagem de facebook a necessidade de ter um vídeo, à qual me respondeu gentilmente justificando os motivos. Estou certo, caso fosse director artístico ou tivesse os meios o faria com muito agrado.
      O espectáculo termina em apoteose, num verdadeiro hino á versatilidade vocal, á fusão de estilos, á multilingue, á irreverência e á qualidade. E no ar a certeza que Yolanda tem tudo para nos continuar a surpreender.

sábado, 14 de maio de 2011

Eurovision

Eu gosto do festival da canção, uma mania que não é recente e que não consigo ficar alheio. Ano após ano dou-me ao trabalho de ouvir as cada vez mais canções participantes (este ano já são 43), para depois fazer a minha selecção.
Portugal este ano ficou muito mal representado, não sei o que se passou na cabeça destes portugueses para votarem numa coisa daquelas para representar o país. Lá porque estamos em crise, revoltados com os políticos e lixados com a economia, tenham paciência mas não temos que expressar isso em tom de sarcasmo no maior evento musical da Europa. Bom, fantochadas daquelas já outros países também levaram, mas desta vez acho que fomos mesmo os únicos. Pior que a palhaçada, foi mesmo o facto de nem sequer ser uma canção! Podem-me censurar à vontade, mas digo e afirmo, uma coisa que é cantada em coro do princípio ao fim, sem um único solo, não é uma canção, é uma manifestação. E vamos nós levar ao festival uma coisa que nem sequer revela os dotes vocais de um cantor, visto ali não existir nenhum… Ora assim também eu.
Adiante que de coisas que nos representam mal não vale a pena perder muito paleio. Deixo aqui os vídeos das minhas favoritas.

 Hungria

Azerbaijão

Eslováquia(Latvia)

Russia
 

Switzerland

 Bulgária

terça-feira, 10 de maio de 2011

Oquestrada


Fez em Abril um ano que fui ver os Oquestrada numa festa popular em Aveiras. Conhecia o álbum á pouco tempo e estava curioso para os ver actuar ao vivo. Uma ida a Lisboa com paragem obrigatória em Aveiras no regresso serviu de pretexto.
Um ano depois, eis a vinda dos Oquestrada à minha cidade, por isso era mais que certo ir vê-los de novo. Aqui o ambiente era outro, em vez de uma praça ao ar livre cheia de populares alegremente alcoolizados na festa do vinho, o cenário era uma sala de Teatro e certamente menos público, porque as gentes desta cidade aderem pouco ao que desconhecem e lhes soa diferente. Contudo, a sala estava quase cheia com gente de todas as idades.
Os Oquestrada, tal como se entende são uma orquestra que se faz à estrada e corre o País e a Europa de lés a lés a espalhar a sua música. É um grupo constituído por músicos que fazem música de verdade e que têm prazer visível naquilo que fazem. O seu estilo não é definível num só, pois a surpresa é uma constante, se por um lado soa a música popular, por outro pode ser um fado dançável… eles definem-no como Tasca Beat. Os Oquestrada pegam em elementos do fado e da canção popular e brincam, misturando música de leste, cigana, africana, muito bem condimentada com canções que fundem o nacional castiço com o francês dos emigrantes portugueses, passando pelo crioulo que se ouve nos subúrbios de Lisboa. Uma miscelânea de sons, uma multiculturalidade que contagia logo aos primeiros acordes. Os instrumentos variam da guitarra portuguesa que se transforma num violino Russo, passando por uma bateria improvisada em forma de cadeira, uma contra-bacia que soa a Jazz e um acordeão que nos faz lembrar Paris.
As palmas propagam-se pela sala e a vontade de saltar da cadeira é muita e há mesmo quem se atreva a dançar sem pudores. O ambiente é de folia e é impossível alguém não ficar bem-disposto com tal arraial. É dificil definir este concerto e as sensações que nos desperta numa só palavra, basicamente é como se chegássemos a uma tasca de Lisboa ou fossemos conduzidos a um bailarico de verão.
O à vontade em palco é notório e o discurso de Miranda entre cada música em tom de dedicatória, toma proporções de intervenção politica com algum humor e ironia à mistura. Quem viu dois concertos percebe que há um alinhamento, um enredo estudado, ora Miranda arregaça a saia do vestido que usa em todas as actuações, ora protagoniza momentos hilariantes durante as actuações, como fazer-se de sonâmbula e trepar pelas colunas, revelando-se uma verdadeira one woman show. Todo o ambiente recria um cenário de boémia suburbana e irreverência, mas nada é forçado, eles são mesmo assim, genuínos. É esta verdade, alegria, energia em palco e fusão de universos diferentes que faz gostarmos deles instantaneamente. De uma coisa podemos ter a certeza, os Oquestrada são criativos, têm a capacidade de reinventar o popular e fazem-no com mestria.



segunda-feira, 2 de maio de 2011

Livros

Da Fnac de Coimbra vieram dois livros sobre jardinagem. Na compra de um ofereciam outro. Curiosamente o oferecido era mais caro do que qualquer um que se comprasse. Há promoções interessantes, não!
Para mim os livros têm que ser tipo enciclopédia, ou seja, com imagens apelativas e pouco texto. Por isso gosto tanto de livros de culinária. Mas tem que ser daqueles com fotos a cores de gulodices que só apetecem fazer e comer. Mas adiante… Algum tempo que queria ter um livro que retratasse por imagens aquilo que basicamente tenho feito este últimos meses. Uma espécie de almanaque da horta e do jardim, que ajudasse em teoria e ideias àquilo que se tem andado a fazer no terreno. Hortas e Jardins – Ideias simples para bons resultados e Plantas e Flores de Jardim - Guia de A-Z. Com estas duas bíblias não posso estar melhor equipado. E já serviu para tirar umas ideias e impulsionar mãos á obra num Domingo de jardinagem.

domingo, 1 de maio de 2011

Coimbra

Sábado começou com uma pergunta. Onde vamos hoje? A escolha foi Coimbra. Uma óptima alternativa à Capital. Quiçá até uma opção melhor, visto não se pagar pela deslocação e ter praticamente os mesmos pontos de interesse para um passeio de lazer. Arrisco a dizer que nos últimos anos Coimbra cresceu de tal modo que se transformou numa segunda Lisboa. Tem aquilo que mais gosto quando me apetece sair da terrinha, ou seja, shoppings, lojas diversas, comidinha diferente, gente por todo lado e boas vistas. Apenas não tem aquela noite louca de Bairro Alto, mas eu também já não ando a sair com esse objectivo.
Um dos propósitos do passeio era comprar alguma roupa, pois voltei de mãos abanar. Ultimamente tem sido assim. Nunca fui de gastar muito dinheiro em roupa, mas sempre acabava por trazer algo para encher o armário. Agora cada vez compro menos e às vezes acabo por andar com roupas que já têm 15 anos, a sério! Pronto já deixei mais uns quantos chocados, mas como um amigo meu diz, não é velho, é vintage! Não sou fashion, não me aperalto, não visto as últimas tendências e estou-me a borrifar para isso. Às vezes penso que gostava de ter um estilo, uma imagem de marca, ou como alguns conseguem, mudar de visual consoante os ambientes ou as fases da vida. Na minha mente, neste momento andaria de branco, beje e chaqui, calça arregaçada, mocassins e chapéu de palha. 
Curiosamente um dos looks deste Verão para eles e para elas. O regresso da tendência natural, do passeio pelo campo, ligeiramente folk/hippie, do ambiente á beira-rio, dos tons claros a lembrar o navy, o propositadamente despreocupado, o chamado homeless chic. Acho que é aqui que este vídeo se encaixa na perfeição.